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200 Anos de Don Giovanni no Brasil

29/09/2022

200 Anos de Don Giovanni no Brasil - A estreia da “ópera das óperas” além da Europa em 20 de setembro de 1821 no Rio de Janeiro e seu contexto político-cultural

CONFERÊNCIA INTERNACIONAL - 29 de setembro a 1º de outubro de 2022

Viena – Don Juan Archiv Wien

ORGANIZAÇÃO: Don Juan Archiv Wien; Centro Cultural Brasil-Áustria; Divino Sospiro – Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal; Universitat Mozarteum Salzburg; Musica Brasilis

PROGRAMA:

Em 20 de setembro de 1821, a ópera Don Giovanni de Da Ponte e Mozart foi apresentado pela primeira vez no Brasil, pela “Companhia italiana” no Real Theatro de São João no Rio de Janeiro; naqueles dias o Rio era a capital do Reino do Brasil então unido ao Reino de Portugal. Naquela noite, a ópera foi vista e ouvida pela primeira vez fora da Europa – cinco anos antes da famosa primeira apresentação em Nova York de 25 de maio de 1826 no Park Theatre pela Garcia Opera Troupe, com a participação de Lorenzo da Ponte, o poeta.

 

No dia 20 de setembro de 2021, o bicentenário da performance carioca foi celebrado por Don Juan Archiv Wien juntamente com todos os parceiros de cooperação – Centro Cultural Brasil- Áustria (Viena), Divino Sospiro Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal (Queluz/Lisboa), Universität Mozarteum (Salzburgo), Musica Brasilis (Rio de Janeiro) – com show ao vivo com a participação de músicos brasileiros, portugueses e austríacos.

Atualmente, Don Juan Archiv & Partners está preparando um simpósio internacional a ser realizado em Viena de 29 de setembro a 1 de outubro de 2022, com foco no contexto político-cultural deste evento marcante em 1821 como parte de uma constelação histórica que liga o Brasil via Portugal com a Áustria.

Quatorze anos antes de Don Giovanni no Rio, em 29 de novembro de 1807, véspera da ocupação de Lisboa pelo exército de Napoleão, a corte portuguesa partiu para o Brasil. Em 8 de março de 1808, o Rio de Janeiro tornou-se a nova capital do Império Português. Isso trouxe mudanças essenciais na infraestrutura social e cultural da cidade e no quadro político da colônia.

A cidade foi, por exemplo, enriquecida com a construção de uma nova casa de ópera, inaugurada em 1813.

Dois anos depois, a colônia (vice-reinado), na sequência da promulgação do Congresso de Viena de 16 de Dezembro de 1815, foi elevada à categoria de reino, equiparando-se assim a Portugal. Três meses depois, em 20 de março de 1816, com a morte da rainha D. Maria I, as coroas unidas recaíram sobre seu filho, o príncipe regente, então rei D. João VI de Portugal, Brasil e Algarves.

Nessa época, o rei procurou uma noiva para seu filho mais velho de 19 anos e sucessor Dom Pedro de Alcântara, e a encontrou na segunda filha do imperador austríaco Francisco I, a arquiduquesa Leopoldina que desembarcou no Rio de Janeiro em 5 de novembro de 1817.

As núpcias foram acompanhadas por uma expedição imperial, considerada a mais marcante expedição europeia ao Brasil do século 19.

Quando a arquiduquesa chegou ao Rio, o compositor e pianista nascido em Salzburgo, Sigismund Neukomm, residia ali como membro da corte de D. João. Aluno dos dois irmãos Haydn (Michael em Salzburgo, Joseph em Viena), tornou-se professor de música de Dom Pedro e Dona Leopoldina.

Em 23 de abril de 1821, quatro anos após o casamento austríaco, a corte portuguesa deixou o Brasil. O Rei instalou seu filho Dom Pedro Príncipe Regente que com sua esposa permaneceu no país. Os cinco meses que antecederam a estreia de Don Giovanni foram politicamente turbulentos, com motins e revoltas testando a manobrabilidade política do novo Príncipe regente de 23 anos. Em 2 de setembro de 1822, nem um ano depois da estreia, o Conselho de Estado, convocado e presidido por Dona Leopoldina, decretou a secessão do Brasil de Portugal. No dia 7 de setembro a notícia chegou a Dom Pedro que ficou com sua comitiva no rio Ipiranga perto de São Paulo onde proclamou a independência do Brasil com o lendário Grito de Ipiranga, “Independência ou Morte”.

Assim, a primeira apresentação de Don Giovanni no Rio de Janeiro pode ser vista como uma intersecção exemplar de transferências culturais, diplomáticas e políticas entre o Velho e o Novo Mundo, a ser analisada na conferência de Viena em setembro de 2022.

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Para mais informações sobre o Projeto Don-Juan-in RIO, consulte o seguinte libreto: Sigismund Neukomm in Brazil - A Concert Commemorating the Bicentenary of the First Performance of Don Giovanni out of Europe on 20 September 1821 (http://www.donjuanarchiv.at/fileadmin/DJA/Veranstaltungen/ Concerts/Concerts_2021/Neukomm-in-Brasil_Concert-booklet_web.pdf)